Obras no Convento dos Capuchos

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Parques de Sintra inicia requalificação e restauro do Convento dos Capuchos

– Investimento de 3 milhões de euros

– Princípio norteador da intervenção: a preservação do espírito do local

– Conclusão dos trabalhos prevista para 2018

Fotografia: PSML / Emigus

A Parques de Sintra iniciou no final de outubro a requalificação e restauro integral do Convento dos Capuchos, com a empreitada de recuperação de caminhos no interior da cerca conventual e da própria cerca. A intervenção, que terá como princípio norteador a preservação do espírito do local, decorrerá de forma faseada e engloba não só a recuperação da envolvente paisagística e do sistema de águas tradicional, mas também o restauro de todos os elementos construídos. Além da preservação do conjunto monumental de elevado valor patrimonial, pretende-se dotar o Convento dos Capuchos de melhores condições para acolher os visitantes através da revisão e instalação de novos equipamentos de apoio à visita, da introdução de iluminação e da beneficiação das infraestruturas de água, esgotos, energia, comunicações e combate a incêndios. O projeto representa um investimento global de cerca de 3 milhões de euros e deverá estar concluído em 2018.

A intervenção foi precedida de um longo e aprofundado estudo da história do local e do estado de conservação dos edifícios e demais elementos construídos. Procedeu-se ao levantamento de soluções técnicas e materiais originais, ao levantamento da flora existente, e à realização de sondagens arqueológicas que permitiram caracterizar e aprofundar o conhecimento sobre o monumento e também fundamentar as soluções a aplicar no projeto de recuperação. Foram analisadas áreas que fornecessem dados sobre os sistemas de condução e abastecimento de águas e saneamento do Convento, sobre pavimentos originais e sobre as fases construtivas do monumento. As sondagens realizadas possibilitaram ainda a recolha de inúmeras peças de barro consentâneas com os utensílios utilizados pelos frades e outros fragmentos de peças, possivelmente resultantes de ofertas ao Convento, como faianças e porcelanas.

O projeto de restauro e valorização do Convento dos Capuchos abrange três zonas distintas: o interior da cerca conventual, o exterior da cerca conventual e parte da Tapada de D. Fernando II, onde se situam o parque de estacionamento, as antigas instalações do parque de campismo e a Reserva de Burros.

No interior da cerca conventual está já a decorrer a empreitada de recuperação da rede de caminhos e da própria cerca. Os trabalhos contemplam a reabilitação e reposição de pavimentos originais, em saibro e calçada irregular de granito, e a recuperação de remates, canteiros, escadas, muros e muretes.

Nesta zona serão ainda recuperados o sistema tradicional de distribuição de águas, tanques e fontanários, as hortas e a mata autóctone da cerca conventual e área envolvente.

Já o edifício do Convento e as capelas do Ecce Homo e do Senhor no Horto serão alvo de um restauro cuidado, que visa conter a degradação do monumento, preservando o espírito do local e os materiais existentes, e mantendo a leitura que o conjunto edificado ganhou ao longo dos anos, em perfeita simbiose com a natureza.

A intervenção compreenderá a recuperação das coberturas, o restauro dos revestimentos interiores e exteriores e dos elementos decorativos. No edifício do Convento será ainda instalada iluminação no interior e um novo sistema de prevenção de ignição de incêndios por aspersão nas coberturas.

Ainda no interior da cerca conventual, serão também intervencionados a Casa da Horta e o Celeiro. O objetivo é preservar as estruturas existentes, adaptando-as de forma a melhorar as condições de acolhimento dos visitantes. No Celeiro será instalado um Centro de Interpretação da história do Convento e na Casa da Horta serão criados uma sala de apoio a atividades pedagógicas e programadas e instalações sanitárias.

Com o objetivo de valorizar a zona da entrada do Convento, o Centro de Acolhimento ao Visitante (CAV), que atualmente acomoda a loja e instalações sanitárias, será transferido para a entrada do monumento (onde se encontra atualmente a bilheteira). O novo CAV irá concentrar num único espaço os serviços de bilheteira, loja e instalações sanitárias, oferecendo ainda um novo serviço de cafetaria. O caminho entre a entrada e o Convento será alterado, dando origem a um traçado mais orgânico e de menores dimensões. O pavimento em betuminoso será removido e substituído por calçada irregular de granito. Será ainda recuperado o enquadramento paisagístico do exterior da cerca conventual, recorrendo a plantações de espécies nativas da Serra de Sintra.

Já na Tapada de D. Fernando II, a distância resguardada do monumento, o parque de estacionamento será requalificado, de forma a permitir o parqueamento de 4 autocarros de turismo, 29 automóveis e 10 bicicletas. Nas antigas instalações do parque de campismo, será criado um ponto de apoio aos ciclistas que frequentam a zona, suprindo assim uma necessidade da comunidade que procura a Serra de Sintra para as suas atividades, e incentivando o uso deste meio de transporte na visita ao Convento dos Capuchos. A antiga Casa do Guarda, que atualmente acolhe já a Reserva de Burros, irá também ser alvo de melhorias funcionais.

Após um longo processo, o Convento dos Capuchos conta desde dia 3 de novembro com ligação permanente à rede elétrica, o que permitiu desativar o gerador a gasóleo que até então abastecia o monumento.

Mantendo a política de “Aberto para Obras” da Parques de Sintra, o Convento estará aberto ao público durante o restauro.

Alpendre do Convento dos Capuchos. Fotografia: PSML / Emigus

Convento da cortiça”

O Convento de Santa Cruz da Serra de Sintra, também denominado “Convento dos Capuchos” ou “da cortiça”, foi mandado edificar em 1560 por D. Álvaro de Castro, em cumprimento de um voto do seu pai D. João de Castro, Vice-Rei da Índia e proprietário destas terras. Habitado por frades franciscanos, o monumento funde-se com a natureza e é notável pela sua extrema pobreza e pelo uso extensivo de cortiça na proteção e decoração dos seus espaços. A mata que o rodeia, acarinhada e mantida pelos religiosos que o habitaram, constitui um exemplo notável da floresta primitiva da serra de Sintra.

Em 1948, o Convento foi classificado como monumento nacional e, em 1995, integrado na Paisagem Cultural de Sintra, declarada pela UNESCO como Património da Humanidade.

Apesar de ser um dos poucos eremitérios remanescentes em Portugal, o monumento nunca foi objeto de intervenções de valorização significativas na segunda metade do século passado. O avançado estado de degradação do Convento levou mesmo ao seu encerramento ao público entre 1998 e 2001.

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