Cinco britangos seguidos em projeto de conservação

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No passado dia 19 de julho, um britango foi capturado, marcado e devolvido à natureza em Bruçó, Mogadouro. Uma equipa, com elementos da Vulture Conservation Foundation (VCF), da Palombar e da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), conseguiu marcar mais um britango na área do Parque Natural do Douro Internacional, no âmbito do projeto Life Rupis, coordenado pela SPEA.Capturada com uma armadilha instalada para o efeito, esta ave foi equipada com um emissor GPS e depois devolvida à natureza no mesmo local. Foram ainda recolhidas amostras de sangue para análise de eventuais contaminantes e doenças e para a identificação do sexo da ave, dado que nesta espécie não existem diferenças morfológicas visíveis entre os sexos.

Depois do Rupis e da Poiares (uma fêmea encontrada debilitada e recolhida por uma habitante desta localidade), os três britangos marcados em junho e julho ainda não foram “batizados”. O Life Rupis vai ter, de 1 a 10 de agosto, uma votação online em que o público irá escolher os nomes destas aves. Nesta votação online, presente no website www.rupis.pt e na página de Facebook da SPEA, coordenadora do projeto, o público votará nos seus 3 nomes favoritos.

Esta foi a quinta ave marcada no período de um ano: os trabalhos de marcação de britangos do projeto iniciaram-se a 15 de julho de 2016, com a marcação de um subadulto batizado de Rupis, o primeiro britango marcado em Portugal para fins de estudos de conservação e proteção da espécie. Esta marcação permite, durante os próximos anos, o seguimento detalhado dos movimentos das aves, sendo assim possível obter importante informação para a conservação desta espécie, nomeadamente identificar áreas-chave de alimentação, nidificação, rotas de migração utilizadas e potenciais ameaças.

Os movimentos das várias aves podem ser seguidos online na página do projeto: http://rupis.pt/pt/mapa-dos-movimentos-de-britango/

Joaquim Teodósio, coordenador do projeto Life Rupis, refere que esta é apenas uma das ações do LIFE Rupis, mas essencial para orientar alguns dos trabalhos em curso para reduzir as ameaças sobre o britango. O LIFE Rupis, através dos 9 parceiros envolvidos, tem vindo a desenvolver um conjunto integrado de ações no território transfronteiriço dos Parques Naturais do Douro Internacional e Arribes del Duero, que abarcam desde a monitorização das espécies, ao aumento dos recursos alimentares e a redução das ameaças como o veneno ou a colisão com as linhas eléctricas, sem esquecer a promoção deste território de características naturais únicas e a sensibilização das populações locais e visitantes.

O projeto Life Rupis tem como objetivo implementar ações que visam reforçar as populações de águia-perdigueira e britango no Douro transfronteiriço, através da redução da mortalidade destas aves e do aumento do seu sucesso reprodutor. O britango é o abutre mais pequeno da Europa. Está classificado como “Em Perigo” no território Europeu, onde as suas populações registaram um decréscimo de 50% nos últimos 40 anos, e uma elevada perda de habitat. A água-perdigueira tem um estatuto de “Quase Ameaçada” na Europa, devido ao decréscimo populacional e à pressão sobre as suas populações.

Além da marcação e monitorização dos britangos, outras ações estão a ser implementadas dos dois lados da fronteira, tais como a identificação de linhas elétricas perigosas e respetiva correção com equipamentos anti-eletrocussão e anticolisão de aves, a ação de brigadas cinotécnicas para deteção de venenos, a elaboração de um plano de ação transfronteiriço para a conservação do britango, gestão de mil hectares de habitats importantes para as espécies-alvo e gestão de uma rede de campos de alimentação para aves necrófagas (CAAN), para minimizar o impacto da escassez de alimento. O resultado esperado do projeto será o aumento da taxa de reprodução e a diminuição da mortalidade não natural destas aves, numa região justamente conhecida pela riqueza e beleza do seu património natural.

Coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), o projeto tem mais oito parceiros, a Associação Transumância e Natureza, a Palombar, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, a Junta de Castilla y León, a Fundación Patrimonio Natural de Castilla y León, a Vulture Conservation Foundation, a EDP Distribuição e a Guarda Nacional Republicana/SEPNA.

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