Novo ano, novo alerta: O uso ilegal de venenos continua

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O início do ano coincide com um dos picos anuais de casos de envenenamento de animais selvagens, uma prática punível com até 3 anos de prisão.

©Arturo de Frias Marques

Entre 2013 e 2019, foram identificadas em Portugal 11 águias-imperiais mortas com suspeita de envenenamento, a grande maioria na região do Baixo Alentejo. Foi nesta mesma região que, no início do ano de 2015, morreu um lince-ibérico envenenado. A LPN, através do projeto LIFE Imperial, continua empenhada na luta contra esta prática ilegal, comum na Península-Ibérica, e que está referida como uma importante causa de extinções e graves diminuições de populações de animais selvagens em várias partes do mundo.
Em Portugal, o uso de veneno foi proibido no final do século XX, com a Lei do Lobo e a transposição de diretivas internacionais que impedem o uso de qualquer substância como forma de extermínio, constituindo atualmente, na medida mais gravosa, um crime punível com pena de prisão até 3 anos. Contudo, no nosso país estão registadas cerca de 40 espécies selvagens afetadas pelo veneno, incluindo 4 espécies criticamente em perigo. O envenenamento é uma das maiores ameaças às espécies necrófagas, que se alimentam de cadáveres de outros animais, como é o caso da águia-imperial-ibérica. Também o lobo-ibérico e o lince-ibérico registam casos de morte por envenenamento, reduzindo ainda mais as suas já pequenas populações e o estado de equilíbrio dos ecossistemas.
Para além das espécies selvagens, esta prática ilegal afeta animais domésticos, podendo mesmo afetar acidentalmente seres humanos, e constitui um grave problema de saúde pública ao nível da contaminação dos solos, dos recursos hídricos e mesmo de culturas alimentares, já que alguns tóxicos podem permanecer no meio ambiente durante longos períodos em doses suficientemente altas para serem perigosas.
Os casos de suspeita de envenenamento são mais frequentes no início do ano (janeiro a março) e, mais tarde, em outubro, embora sejam registados casos ao longo de todo o ano.
Estamos assim, neste momento, num dos chamados “picos de veneno”, pelo que é essencial a atenção e colaboração de todos na deteção de possíveis casos.
O envenenamento apresenta, normalmente, um caráter agudo e traduz-se num conjunto de sintomas que refletem uma forte agonia e dor. O animal pode demonstrar convulsões e espasmos musculares, vómito e diarreia, apatia, salivação excessiva, hemorragias e dificuldades respiratórias. Se se encontrar na presença de um animal envenenado, ou supostamente envenenado, contacte imediatamente o SEPNA/GNR através da linha SOS Ambiente (808200520) e siga as instruções dadas pelas autoridades. É extremamente importante informar sobre a existência de animais vivos e permanecer no local até à chegada das autoridades, e nunca deve tocar nos cadáveres ou iscos nem deixar que outras pessoas se aproximem do local.
Em 2015, o projeto LIFE Imperial, coordenado pela LPN, tornou possível a criação de 7 equipas
cinotécnicas da GNR vocacionadas para a deteção de venenos que se encontram a realizar patrulhas no campo, de modo a evitar casos de potencial envenenamento ou, em caso de envenenamento comprovado, auxiliar à deteção de iscos ou cadáveres adicionais, atuando assim de modo preventivo e reativo. Nas mais de 1100 patrulhas foram já detetadas 29 ocorrências. Esta luta é um dos pilares do projeto que, apesar de direcionado para a águiaimperial-ibérica, terá certamente consequências benéficas para procurar erradicar esta ameaça silenciosa, mas mortífera. Fonte: LPN

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