Visitar: Bogalhal Velho

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Um local com história, de grande beleza natural e numa posição estratégica.

Denominada anteriormente por Santa Maria de Porto de Vide, a aldeia medieval de Bogalhal Velho situa-se na freguesia do Bogalhal, no concelho de Pinhel.
Esta aldeia abandonada situa-se num quadro paisagístico extremamente belo, encontrando-se numa colina com vista para a Ribeira das Cabras (que perto se junta com o Rio Côa) e para a Serra da Marofa.
De origem medieval, só restam ruínas de um edifício que se presume ter sido uma igreja, tendo um grande valor histórico mas, infelizmente, não encontrámos muita informação sobre este local.

Tiago Pinheiro Ramos, num trabalho intitulado “Nem só com castelo se defendeu a fronteira: Atalaias e povoados fortificados na margem esquerda do médio Côa”, aborda a povoação de Bogalho Velho. Segundo o autor, “…A sua implantação permite-lhe um privilegiado controlo visual sobre uma das poucas zonas de passagem do rio Côa e ribeira das cabras, um verdadeiro porto (Porto de Vide). Todavia, de todos os sítios aqui analisados, é o que possui uma bacia de visão menor, mesmo tendo em conta a hipotética existência de uma torre com 5m de altura. Pelos condicionalismos orográficos que o circundam, não lhe é possível avistar Castelo Rodrigo ou Monforte de Ribacôa, castelos leoneses até ao final do século XIII. Todavia, pela análise SIG realizada, ser-lhe-ia possível um contacto visual com o castelo de Pinhel.
No seu recinto são ainda visíveis estruturas habitacionais, e na parte central do povoado ergue-se uma derruída igreja, de arquitectura gótica. É a esta “praça” central que vão dar as três vias que rasgam o povoado. Face à vegetação existente e à criação de socalcos para actividades agrícolas, a identificação de estruturas defensivas é bastante difícil. Presentemente, apenas se averigua a inexistência de qualquer tipo de torre de menagem ou torre/torreão adossado a muralha. A própria existência de troços de muralha é difícil de constatar. Contudo, e como referido anteriormente por outros autores, acreditamos estar na presença de um povoado fortificado. Os troços de muralha, nas zonas norte, e sul, deverão corresponder a um dos socalcos agrícolas, que se encontram rasgados pelas vias de acesso ao povoado. Estes são constituídos por pequenos e médios blocos graníticos, não afeiçoados, e dispostos de forma rudimentar sem qualquer respeito pela isodomia.
Na zona Este, observa-se a inexistência de qualquer tramo de muralha. Esta zona é naturalmente defensível, uma vez que se trata da escarpa da margem esquerda da ribeira das Cabras, com declives superiores a 25%. Na zona oeste, a existência de troços de muralha é mais difícil de deslindar. No entanto, é também nesta zona que existe um maior número de thors graníticos que poderão ter servido de apoio, ou mesmo incorporar o próprio recinto fortificado.
Mais uma vez, estabelecer cronologias afigura-se um processo de difícil indagação. Segundo Manuel Perestrelo no local encontraram-se moinhos manuais circulares, fragmentos de cerâmica manual grosseira, e um fragmento de tegullae que provariam a ocupação do sítio em período proto-histórico e romano. Contudo face à inexistência de intervenções arqueológicas estes dados carecem de constatação. As visitas efectuadas ao local permitiram identificar fragmentos cerâmicos de período medieval e um sarcófago antropomórfico incompleto, nas imediações
das ruínas da igreja gótica. Todavia não foram identificados materiais cerâmicos enquadráveis em época moderna, como faiança. A documentação medieval consultada, apenas nos dá notícias deste povoado em 1320, sendo-lhe cobrada 10 libras de renda. Esta notícia demonstra-nos a vitalidade do povoado ainda no século XIV. Todavia, no presente momento, não sabemos desde quando se encontra habitado, nem o momento do seu total despovoamento. Apenas sabemos, através das memórias paroquiais de 1758, que se encontrava já na altura despovoado, existindo
apenas uma ermida à qual a população de diferentes aldeias vinha em romaria
”.

A pé ou de bicicleta
A GR45 – Grande Rota do Vale do Côa passa pelo Bogalho Velho. Com base em Pinhel (junto à C.M. de Pinhel) desenhámos um percurso linear, para ser percorrido a pé ou de bicicleta, até Bogalho Velho. Tem cerca de 14,4 km de extensão e, o piso, é asfalto e terra batida.

A nossa visita a Bogalhal Velho foi promovida pela CIM Beiras e Serra da Estrela e, na altura, tivemos a oportunidade de experimentar as saborosas cavacas e bom vinho da região.
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