Visitar: Cidadelhe, um regresso ao passado…

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Cidadelhe é uma antiga freguesia portuguesa do município de Pinhel, com 26,80 km² de área e 40 habitantes (2011). A sua densidade populacional era 1,5 hab/km². Cidadelhe, um regresso ao passado…e a base para a exploração de uma Natureza única.

Cidadelhe, situada num local remoto, é muito importante devido ao seu património cultural e arquitetónico. A proximidade ao rio Côa e à Faia Brava fazem de Cidadelhe um importante destino de Natureza.
Nesta nossa visita a Cidadelhe tivemos a oportunidade de conhecer, um pouco melhor, o projeto Cidadelhe Rupestre que tem como missão “…valorizar todo o património de Cidadelhe, uma aldeia beirã do Vale do Côa. Esta aldeia por todo o seu valor, merece ser respeitada, dinamizada, pois constitui o nosso maior legado. Venha viver a nossa história, descubra todos os segredos, mistérios, toda a beleza que constitui o bem comum da humanidade. ”Preservar o passado é construir o futuro!
A recuperação das casas (atualmente 6) por parte da Cidadelhe Rupestre e a sua transformação em alojamento local permitiu criar uma nova dinâmica à aldeia e criar uma base para quem quer explorar a região (Vale do Côa, Núcleo Arte Rupestre Faia, Museu do Côa, Grande Rota do vale do Vale do Côa) em autonomia ou através de empresas parceiras da Cidadelhe Rupestre.
Neste nosso primeiro contacto com esta região ficámos impressionados pela abundância de aves que observámos. Consultámos o site Aves de Portugal e a diversidade é grande desde grandes aves terrestres a passeriformes, um local excelente para a observação de aves.

Britango ou Abutre do Egipto. Considerada como uma espécie em perigo na Península Ibérica, este é o menor dos abutres e uma espécie migratória que todos os anos vem reproduzir-se na Reserva da Faia Brava.©ATNatureza
Águia de Bonelli. A proteção desta espécie em perigo foi uma das primeiras missões com que a ATN se comprometeu. ©ATNatureza

Aldeia e a Natureza

O Vale do Côa

Património valioso
No passeio que fizemos por Cidadelhe para além da bela arquitetura de uma aldeia rural temos a igreja matriz e a casa-forte que encerram um património valioso difícil de explicar a sua presença numa aldeia pobre e isolada…

Igreja de Cidadelhe
Dedicada a Santo Amaro, a igreja matriz de Cidadelhe que hoje conhecemos é uma reconstrução setecentista de uma igreja de época anterior sobre a qual subsistem raras informações. Sabe-se que no início do século XVIII, o templo se encontrava anexo à vizinha igreja de Azevo, situação que se manteve pelo menos nos anos seguintes (COSTA, 1706, p. 271). Mas a matriz de Cidadelhe é anterior, e a data de 1646 que se encontra na sineira de apoio ao templo contribui para fazer recuar a sua construção, pelo menos, à primeira metade do século XVII.
Na verdade, a sua arquitetura chã está mais próxima desta cronologia seiscentista. De planta longitudinal com volumes exteriores ao mesmo nível e apenas diferenciados em alçado, apresenta fachada principal definida por pilastras nos cunhais e marcada pela abertura do portal de verga recta encimado por entablamento e sobrepujado por óculo. Termina em empena flanqueada pelos pináculos que rematam as pilastras. Os restantes alçados pautam-se por uma mesma depuração, abertos apenas por vãos de linhas rectas e sem qualquer decoração.
Apenas a data de 1715 no entablamento do portal indica tratar-se de uma reconstrução, cujo alcance, todavia, permanece por esclarecer. No interior é mais evidente esta remodelação de época barroca, com uma campanha de talha dourada bem presente nos retábulos colaterais e cuja talha se prolonga enquadrando toda a superfície do arco triunfal. O retábulo-mor, do mesmo período, ocupa a totalidade da parede fundeira da capela-mor, apresentando uma ampla tribuna com trono escalonado. Todo este conjunto de talha foi, certamente, objecto de intervenções posteriores que lhe conferiram a polícromia que hoje apresenta.
O tecto da nave, em caixotões, exibe um vasto conjunto de pintura de temática hagiográfica, com molduras pintadas em tons de branco e vermelho. Já os caixotões da capela-mor são preenchidos por motivos de flores, sol e lua, de época bem mais recente.
Também na fachada principal, uma outra inscrição indica a intervenção ocorrida em 1934 e cujo alcance também se desconhece, mas que, para além dos marmoreados da nave, se presume ter sido essencialmente de conservação. Rosário Carvalho / Direção-Geral do Património Cultural

Casa-Forte
O Município de Pinhel mandou construir, em 2017, a “Casa-Forte de Cidadelhe” um equipamento destinado a guardar e expor, em segurança, o Pálio de Cidadelhe (peça de veludo carmesim típico de Veneza, bordada a ouro, prata e seda), de grande valor, datada de 1707 e alguns livros religiosos.
Religiosamente guardado pelos habitantes da aldeia (de forma a manter-se em segredo o local exato onde se encontrava), o Pálio de Cidadelhe aguardava há algum tempo um local onde repousar, em segurança e com as condições adequadas à sua preservação, de modo a poder continuar a ostentar a beleza e singularidade que o tornam numa peça única e de grande valor patrimonial.

Capela de São Sebastião
Rio Côa. Afluente do Rio Douro, é o rio que atravessa a Reserva da Faia Brava e que atua como corredor ecológico natural onde podem ser encontradas lontras ou melro de água. ©ATNatureza

INFORMAÇÃO ÚTIL
Cidadelhe Rupestre Turismo Rural
Cidadelhe, Pinhel – Portugal / 40°55’04.7″N 7°06’46.3″W

Telefone: +351 271 027 378 / Telemóvel: +351 911 966 968
reservas@cidadelherupestre.com / http://www.cidadelherupestre.com/

Faia Brava / ATNatureza
https://www.atnatureza.org/pt/

Grande Rota do Vale do Côa
www.granderotadocoa.pt / info@granderotadocoa.pt

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