À descoberta dos Chafarizes de Lisboa II

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A empresa EPAL comemora, em 2018, 150 anos de existência. Ao longo das próximas edições iremos dedicar uma série de caminhadas à descoberta do património relacionado com o abastecimento de água à cidade de Lisboa.
Os chafarizes faziam parte desta rede de distribuição e, só por si, merecem a nossa atenção. Para além disso, ao criarmos estes percursos vamos conhecer também uma cidade de Lisboa em grande transformação. Uma nota menos positiva para o estado de manutenção dos chafarizes.
Nesta edição iremos apresentar uma sugestão de percurso circular com cerca de 8,3 km de extensão.

Fotografia: Vasco de Melo Gonçalves

Chafariz da Esperança
Localizado no antigo Largo da Esperança,viu alterada a sua envolvência com o arranjo urbanístico resultante da abertura da Av. D. Carlos I,em 1889,ficando encostado a um prédio,construído por essa altura,cuja fachada foi concebida como pano de fundo para o chafariz.Traduzindo uma arquitectura civil,de equipamento,barroca e rococó,é um dos mais interessantes,cenográficos e monumentais de Lisboa,que fazia parte de uma das principais linhas de abastecimento de água à cidade alimentadas pelo Aqueduto das Águas Livres.Projectado por Carlos Mardel em 1752,a sua obra teve início no ano seguinte,sob orientação do mesmo,sendo terminada,em 1768,já por Miguel Ângelo Blasco.Classificado como Monumento Nacional,obedece a um esquema vertical,apresentando,num plano inferior,um tanque largo,destinado a bebedouro dos animais,que recebe a água de carrancas de cantaria.Através de 2 lanços de escada laterais acede-se a um largo balcão,do tipo ‘varanda de pavilhão solene’,onde um segundo tanque recebe a água de carrancas de bronze.Neste balcão destaca-se o corpo central do chafariz,ladeado por 2 pilastras dóricas,cujo espelho central,definido por 2 colunas,sustenta um pequeno frontão curvo aberto,ostentando,em rocaille,as armas reais.A rematar este volume surgem,ao meio e nos cantos,3 pináculos em forma de vaso,com decorações folhosas,terminando em alcachofra. Fonte: C.M. de Lisboa

Chafariz das Janelas Verdes
A construção do chafariz,fronteiro ao Palácio Alvor (Museu Nacional de Arte Antiga), originou um verdadeiro trabalho de reorganização urbanística, com o desenho de uma nova praça, planeada pelo arq. Reinaldo Manuel dos Santos, em 1774. Implantado harmoniosamente no Largo do Dr. José de Figueiredo, surge rodeado por um pequeno muro, que define 3 dos seus lados, sendo o quarto definido pelo palácio, servindo simultaneamente de suporte às ruas laterais e acompanhando o declive do terreno. Classificado como Imóvel de Interesse Público, traduz uma arquitectura civil de equipamento, barroca. Alinhado com o portal nobre do palácio, o chafariz, em mármore branco e rosa, é composto por uma bacia de recepção de águas circular, assente sobre uma escadaria, também,circular, intercalada por 2 tanques, destinados a bebedouros dos animais, e encimada por uma caixa de água, em forma de jarrão lobulado em 4 faces curvas, salientes e reentrantes, das quais a água jorra a partir de 4 carrancas. A coroar este conjunto surge um grupo escultórico alegórico, da autoria de António Machado, que representa Vénus ladeada pelo Cupido e por um golfinho, fazendo alusão ao Amor e à Água. Este chafariz, em 1823, era abastecido pelo Aqueduto das Águas Livres através da Galeria das Necessidades.  Fonte: C.M. de Lisboa

Chafariz das Terras
O chafariz das Terras, situado no Largo que tem o seu nome, é uma construção simples, de planta rectangular, encostada à linha de arcos da galeria que alimentava o chafariz das Janelas Verdes. A fachada é extremamente despojada, tendo como únicos elementos decorativos os pequenos coruchéus em pirâmide, que rematam os cunhais, e as armas da cidade coroando o centro da cimalha. Uma porta lateral dá acesso ao interior.
A sua construção é já tardia, conforme o atesta a data de 1867 existente numa pequena tabela, correspondendo ao período em que o abastecimento de água a Lisboa tornou à responsabilidade camarária. Como em quase todos os chafarizes deste período preferiu-se uma solução simples e funcional, bem longe dos imponentes Modelos dos primeiros tempo de funcionamento do aqueduto das Aguas Livres.  Fonte: C.M. de Lisboa

Chafariz das Necessidades
Localizado no Jardim Olavo Bilac, fronteiro à Capela de Nossa Senhora das Necessidades, integra o conjunto do Palácio das Necessidades, classificado como Imóvel de Interesse Público. Este equipamento, datado de 1745, não foi construído com o objectivo de abastecer de água a população do local, mas sim, como resultado de um voto de D. João V, que em 1747 o consagrou à Virgem. A sua autoria tem sido atribuída a Caetano Tomás de Sousa, um dos mestres que acompanhou de forma continuada a construção do conjunto do Palácio das Necessidades. Entre 1772 e 1791 foi objecto de transformações, possivelmente sob a orientação do arq. Reinaldo Manuel dos Santos, que lhe conferiram a utilidade de fonte pública. O elemento central deste conjunto é um obelisco aquático, de mármore, assente num pedestal quadrangular e rematado por uma custódia de espinhos e uma cruz de bronze, evidenciando o sentido religioso da obra. Obelisco este, que se eleva do centro de um tanque quadrilobado,assente sobre três degraus, o qual recebe a água que jorra de quatro elementos escultóricos, de inspiração barroca, compostos por carrancas exteriores e por golfinhos no verso, colocados por cada lóbulo do tanque, entre a borda deste e cada uma das faces do pedestal do obelisco.  Fonte: C.M. de Lisboa

Chafariz da Praça da Armada 
Este chafariz, construído entre 1845-46, é alimentado pelo Aqueduto das Águas Livres, através de uma derivação feita a partir do Chafariz das Necessidades, não da fonte do obelisco, mas de outra encostada à cerca do convento oratoriano. Assente num pódium redondo, com escadarias alternadas e duas bicas para os animais, encontra-se uma grande caixa de água paralelepipédica, de base quadrada, definida nos cantos por quatro pilastras rematadas por entablamento dórico, das quais quatro mascarões, recuperados do Chafariz do Campo de Santana, que nunca chegou a ser construído, jorram água para os respectivos tanques. A face principal do chafariz, virada para a rua e para o quartel, ostenta duas tabelas, uma com as armas da cidade e a outra com a seguinte inscrição: “N.10/CAMARA MUNICIPAL/1845”. Acima do entablamento evidencia-se um pedestal sob a forma de pirâmide quadrangular, de arestas curvilíneas, decorada na base com folhas de acanto e encimada por uma estátua do Deus Neptuno, recuperada do Chafariz do Campo Grande, após a sua demolição em 1850.  Fonte: C.M. de Lisboa

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