De Ovar ao Carvoeiro de bicicleta. 2ªParte

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De bicicleta pelos caminhos de Portugal!

Preparados para a 2ª parte da aventura pelos caminhos de Portugal? Que doidos! Então cá vai: saímos de Algés sem sabermos quais as melhores palavraspara agradecer à Rita e aos pais, com quem passamos momentos muito bons!

O destino desse dia seria Santo André, onde os meus tios nos esperavam. Confesso que estava com um certo receio, pois não tenho tido muita sorte com a hospitalidade da minha família…

Texto e fotografia: Tanya e Rafael

As etapas e os dias do mês de Julho:

12: Algés – Santo André

13: Santo André – Mil Fontes

14: Mil Fontes – Odeceixe

15: Odeceixe – Bemposta

16: Bemposta – Carvoeiro

Não queríamos muito fugir da costa e para isso, teríamos de apanhar dois barcos: Terreiro do Paço até ao Barreiro, onde nos sentimos como estrangeiros, quando o senhor nos explicou por mímica, onde encostar as bicicletas! Não tivemos coragem de dizer “oh homem, fale português!!!”, preferimos sorrir e continuar calados. O segundo barco, o barco verde, de Setúbal até Tróia.

Estava muito calor, nesse dia! O sol queimava e parece que queimou ainda mais quando nos enganamos no caminho e somamos 8 kms desnecessariamente. Qualquer coisa servia para nos refrescarmos, os regadores dos jardins, as fontes, gelados! Tínhamos os conta-quilómetros avariados, por isso, estávamos longe de saber quantos quilómetros ainda nos esperavam! Paramos numas bombas para o gelado do dia e lá estavam eles: a Laura e o Bruno! Conversa para aqui, conversa para ali… “Já estão perto, uns 30 kms!” ok, tudo bem! Aguentamos! Não é assim tão longe!!! Seguimos caminho com os paparazzis por algum tempo. Estávamos com energia e boa disposição, mas quando nos despedimos destes novos amigos, o caminho começou a complicar-se… o calor continuava e o Alentejo mostrava que de plano tem muito pouco! Estávamos cansados, muito cansados  e os 30 kms que nos faltavam, parece que se esticaram para muitos mais! Era impossível serem apenas 30 kms! O caminho era-nos familiar e por muitas vezes tive a sensação que já estávamos mesmo perto… mas como o sentido de orientação não é o meu forte, é claro que não estava certa e o melhor era continuar a pedalar, por muito que essa palavra me custasse! Mas não era só a mim que a palavra fazia comichão! Nunca tinha visto o Rafael tão cansado, a queixar-se tanto e a querer desistir das subidas! Paramos para carregar energias com um pequeno lanche, onde aproveitamos para saber quantos quilómetros faltavam. Não queria acreditar que faltavam tantos!!! “Só vão apanhar uma grande subida e depois é sempre a descer até Santo André” não sei qual das subidas ele se referiu e da tão esperada grande descida até ao destino… fomos enganados! De carro é uma coisa, agora de bicicleta, é outra história.

20:30 chegamos! finalmente! a minha tia abre a porta e consegue fazer-me rir com as suas gargalhadas! “são doidos! ah! ah! ah!”. tínhamos limonada à nossa espera, e uma bela de uma sopa! depois dos banhos, espalhamos aloé vera (conselho da tia) nas queimaduras! passamos apenas uma noite mas tive vontade de ficar por mais tempo! Sentimo-nos bem com toda a boa disposição dos meus tios e todo o conforto! Mas nesse dia estávamos a morrer e não conseguimos manter por muito tempo os olhos abertos. Depois de um pequeno-almoço com mesa cheia, partimos, sabendo que a partir desse dia seriam poucos os quilómetros feitos por dia. obrigada tio, pelo mapa de Portugal! Paramos em Porto Covo, onde estivemos à conversa com um casal espanhol, também eles de bicicleta. de novo na estrada e foi a chegar a Milfontes que me lembrei de uma amiga que tinha lá casa! Ligo-lhe! “não Tanya, não estou aí, mas a minha mãe está”. com isso ganhamos uma ida à praia sem as bicicletas, ganhamos um banho, uma cama óptima e a companhia que uma casal 5 estrelas que nos acolheu de braços abertos! No dia seguinte, a mãe da Sara levou-nos a tomar o pequeno-almoço na Mabi, onde tem uns óptimos croissants e as melhores bolas de berlim!!!

A caminho de Odeceixe, numa grande subida na Zambujeira, onde fomos obrigados a levar as bicicletas à mão, para um carro! Finalmente portugueses a meterem conversa! O senhor louvou a nossa aventura e força e despediu-se dizendo para fazermos muito “o amor” e nisso a senhora acrescenta “façam amor ao ar livre! É o melhor que há, e dentro de um barco também!” não estamos a falar de um casal de 30 nem 40 anos! Teriam já 60? Se não tinham, estavam lá perto! Sentimos as energias recarregadas quando encontramos pessoas assim, mas preferimos continuar com as bicicletas à mão mas com um novo sorriso!

Já tínhamos estado em Odeceixe e ambos gostamos da praia por isso decidimos passar lá uma noite. Que belo dia de praia, com o corpinho todo ao sol! Passamos bem para a praia das Adegas (do outro lado das rochas fica a praia para os naturistas) mas fomos os últimos a sair, pois tivemos de esperar que a maré baixasse, para passar com as bicicletas! Passamos o tempo com construções na areia. quando finalmente passamos, fomos à procura de um sítio para montar a tenda. Antes de jantar ainda conseguimos tomar banho numas casa de banho públicas e com tudo isso, dormimos como anjinhos… ou não… acordei com o Rafael de joelhos a olhar para o lado de fora. “que foi?”, “nada”. Voltei a adormecer. No dia seguinte é que ele me confessou que estava com um ligeiro medo… posso dizer que panicou. Ficou a olhar para o mar pois parecia que se estava a formar uma onda gigante! Estávamos metidos por baixo de uns pedregulhos (doidos) e o barulho das ondas parecia que estava amplificado!

Acordamos vivinhos mas com pouca vontade de subir o que tínhamos de subir… pés aos pedais e “aí vai aço”. Mais um dia de calor! Tínhamos como destino Lagos! Fizemos o caminho todo da parte da manhã e quando chegamos a Lagos para almoçar, tivemos a ideia de ir até Portimão ou melhor para Bemposta, onde um amigo do Rafael se encontra a trabalhar! Nesse dia, podíamos chegar ao Carvoeiro mas ainda não tínhamos direito ao quarto de hotel… por isso, ficamos na Bemposta com o Alex e a Márcia! Não sei até que ponto fomos boa companhia, ou melhor, não sei até que ponto fui boa companhia… estava morta de cansada e só queria uma cama! Jantamos e apareceram duas amigas deles, de novo a explicar a viagem que fizemos e falar da próxima, nisso, uma diz: “a irmã de um amigo, trabalha para a Volta ao Mundo com o marido”, sério? Sim, queremos conhecer!!! Nessa noite não os conhecemos mas em breve teremos esse prazer.

O último dia desta pequena viagem tinha chegado. não fizemos mais de 30 kms e o bom disso tudo, foi que não levamos connosco os atrelados! esses ficaram em casa do alex! paramos em Portimão para pedir informações “ui, para lagoa?! de bicicleta?! nunca mais chegam lá!” eram apenas 15kms!!! e quando lhes dissemos que já fomos a Istambul (ida e volta) eles perceberam que não estavam a falar com meninos!

Chegamos ao Carvoeiro depois de uma grande descida íngreme! Daquelas que fazem doer as mãos! Podíamos dizer que já estávamos de férias, então entramos num restaurante para nos deliciarmos com duas belas pizzas! Férias no Algarve não é muito do nosso agrado mas não me posso queixar pois era apenas eu que estava de férias, o Rafael tinha de trabalhar no dia seguinte. Chegamos ao hotel de 4 estrelas e perguntamos onde podíamos guardar as meninas. Com elas em segurança, ficamos prontos para o tão esperado mergulho na piscina!

Acabamos esse passeio sem sabermos ao certos os quilómetros percorridos… mas o importante não é isso, importante sim, foram os momentos que passamos e as pessoas com quem nos cruzamos e com quem ficamos! http://www.2numundosobrerodas.blogspot.com/

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