Estudo do Geopark Naturtejo premiado em França

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A Associação Internacional de Geomorfologia premiou um trabalho do Geopark Naturtejo apresentado no Simpósio Internacional de Gestão de Geossítios, em França. O objectivo deste encontro científico com especialistas de 18 nacionalidades foi discutir formas e modelos de gestão sustentável de Locais de Interesse Geológico.

O estudo intitulado ”Gestão de geossítios no Geopark Naturtejo: miradouros geomorfológicos”, em desenvolvimento pela equipa de geólogos da Naturtejo/Município de Idanha, teve como objectivo fazer uma análise dos miradouros da região, não só aqueles mais conhecidos que já fazem parte dos roteiros turísticos, incluindo ainda outros desconhecidos mas que, do ponto de vista científico e de potencial turístico, são de grande relevância. Há muito que os miradouros são locais obrigatórios de paragem para viajantes e turistas para contemplar belas paisagens, de onde se observa mais do que um elemento de interesse, combinando o relevo com a biodiversidade, o património histórico, o uso dos solos, etc. Além disso, habitualmente têm um local para parar o carro e tirar uma fotografia, e alguns até têm parques de merendas, como o miradouro do Cabeço Mosqueiro, no Orvalho. Os cerca de 30 miradouros estudados, além de belas paisagens de imensidão a perder de vista têm em comum o facto de serem locais-chave para a compreensão da génese e modelado do relevo de todo este território, com as extensas planuras de Castelo Branco e do Alto Alentejo, rasgadas pelas imponentes serras escarpadas de Penha Garcia, do Moradal, das Talhadas, de S. Miguel, pelos relevos graníticos de Monsanto e da Gardunha, numa paisagem profundamente marcada pela erosão provocada pelos rios Tejo e Zêzere, e seus afluentes.

Estes locais foram abordados do ponto de vista da sua caracterização científica, se estão visitáveis pelo público, tipo de acessibilidade, tipo de interpretação, inclusão ou não em percursos pedestres, existência de ferramentas de interpretação da paisagem, aplicação de novas tecnologias de interpretação, associação com monumentos, etc.

O estudo concluiu que os visitantes do Geopark Naturtejo já procuram alguns dos miradouros mais relevantes mas apenas por razões estéticas/cénicas, ou porque se encontram num percurso pedestre, ou associados a monumentos. Neste sentido apenas a interpretação da paisagem deverá ser acrescentada para permitir o seu melhor entendimento. Destaca-se ainda que, dos miradouros acessíveis ao público, há um número muito diminuto de locais acessíveis a pessoas com mobilidade reduzida. Quase todos eles apresentam escadas e desníveis que dificultam a sua utilização para visitantes idosos/com dificuldades motoras.

As ameaças à integridade dos miradouros referem-se mais à paisagem que se pode daí contemplar do que ao local de observação que, com limpeza e manutenção, pode manter-se bem conservado, com os visitantes a ter aqui um papel de responsabilidade acrescida. As ameaças à paisagem podem ser naturais, que no caso do Geopark Naturtejo se relacionam essencialmente com os incêndios. A acção do Homem é bastante mais relevante na degradação da paisagem, relacionada com a construção de grandes obras de engenharia (estradas, parques eólicos, barragens e torres de alta tensão/telecomunicações), a desflorestação desordenada e a descaracterização do urbanismo tradicional.

Apesar de uma grande melhoria nas infra-estruturas, sinalização e interpretação de alguns dos miradouros existentes no Geopark Naturtejo, e de uma aposta dos municípios na reabilitação e fomento da arquitectura tradicional e no uso da pedra local em novos equipamentos, há ainda um longo trabalho a realizar na qualificação turística dos miradouros assinalados no estudo apresentado em França.

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