“Enquanto o oleiro vai e vem, folgam as cores”

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“Enquanto o oleiro vai e vem, folgam as cores” é o título da exposição de fotografia de Liete Quintal que está patente até ao dia 26 de Fevereiro de 2012 na Igreja de Santiago, na vila medieval de Monsaraz. Esta mostra integrada no ciclo de exposições Monsaraz Museu Aberto é organizada pelo Município de Reguengos de Monsaraz e pode ser apreciada diariamente entre as 10h e as 12h30 e das 14h às 17h30.

Liete Quintal fotografou a Olaria Joaquim Lagareiro, uma das 22 olarias em actividade no Centro Oleiro de S. Pedro do Corval, considerado o maior de Portugal. Nesta olaria com mais de um século de existência produzem-se louças ou objectos de barro de forma artesanal e industrial.

“A minha primeira visita ao local foi num fim-de-semana, quando a fábrica se encontrava fechada. Imediatamente fui arrebatada pelos fachos de luz natural oriundos de fendas do telhado ou de frestas de janelas. Cores, texturas e formas deixavam o lugar-comum semanal para ganharem um novo valor”, diz Liete Quintal.

As fotografias da exposição “Enquanto o oleiro vai e vem, folgam as cores” reflectem o jogo entre o visível, a abstracção e a repetição, capaz de conduzir para além do que está representado. A luz presente em cada fotografia é o que dá o tom de unicidade e simultaneamente de pluralidade do conjunto à mostra.

Liete Quintal afirma que “ao longo do trabalho, dois aspectos estimulavam o meu retorno: as novas e diferentes produções de louças que surgiam a cada semana e a inconstância da luz primaveril. Os objectos e a iluminação natural geravam formas e criavam espaços para além das suas origens. O silêncio foi a companhia que emprestou a serenidade necessária para deixar-me ficar e apreciar o que a luz revelava em diferentes horas do dia. Sendo assim, decidi que as fotografias deveriam ser realizadas na folga dos que ali investiam horas”.

Sobre o Centro Oleiro de S. Pedro do Corval

O Centro Oleiro de S. Pedro do Corval é considerado o maior de Portugal com 22 olarias em actividade que continuam a pintar os motivos típicos do Alentejo, como por exemplo o pastor, a apanha da azeitona e a vindima. A olaria de S. Pedro do Corval data a sua existência desde o período da dominação árabe, conforme o atesta o teor do Foral Afonsino outorgado a Monsaraz em 1276, mas também a linguagem e a terminologia muito próprias ainda em uso.

Em S. Pedro do Corval podem ser encontradas as mais belas e formosas peças de barro, trabalhadas por habilidosos artesãos que assim continuam uma tradição multissecular de fabrico de louça tosca, vidrada e decorativa, de extraordinário valor estético e etnográfico. Estes artesãos dão provas da sua arte aproveitando os magníficos barros das herdades vizinhas, conjugando, assim, as matérias-primas que os recursos naturais ainda oferecem.

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